Walkman: uma revolução tecnológica faz 40 anos

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Vivaldo José Breternitz (*)

Em julho de 1979, chegou ao mercado um dispositivo que revolucionou a forma de se ouvir música: o Walkman, um tocador portátil de fitas cassete, com fones de ouvido. Em 30 anos, até ser substituído pelos dispositivos MP3 e smartphones, vendeu 385 milhões de unidades em diversas versões.

O Walkman começou a ser projetado um ano antes, por determinação de Masaru Ibuka, um executivo da Sony, que deu aos seus engenheiros uma orientação muito precisa: queria um equipamento pequeno e de uso pessoal – ele pretendia algo com que pudesse ouvir música clássica durante suas viagens de avião. A empresa começou a desenvolver o produto a partir do Pressman, um gravador portátil que desenvolvera especialmente para uso de jornalistas.

Akio Morita, então CEO da Sony, comprou a ideia e estabeleceu requisitos adicionais para o aparelho, no sentido de que pudesse satisfazer o gosto do público jovem, que certamente gostaria de poder ouvir música durante o dia todo.

Pouco antes do lançamento, a Sony começou a discutir o nome a ser dado ao produto, que internamente era conhecido como TPS-L2. A filial americana da Sony sugeriu Sony Disco Jogger, mas Morita rejeitou a ideia, dizendo que a palavra Disco, poderia afastar usuários adultos. No lançamento, optou-se por Walkman, embora o aparelho fosse conhecido, no início, como Soundabout nos Estados Unidos, Stowaway no Reino Unido e Freestyle na Austrália. No final, o nome Walkman se consolidou, a ponto de ter sido incluído no dicionário Oxford em 1986.

A propaganda também foi inovadora: pouco antes do lançamento, a Sony já havia fabricado 30 mil unidades, um número enorme para a época, para divulgar o produto, a empresa contratou jovens para caminhar por um bairro descolado de Tóquio, Ginza, usando o aparelho e abordando transeuntes para que estes pudessem conhecê-lo.

O dispositivo teve um antecessor: Andreas Pavel, um alemão que vivia no Brasil criou um aparelho similar, chamado Stereobelt e em 1972 apresentou-o às empresas Grundig, Philips, Yamaha e outras, que não se interessaram pela ideia. Pavel patenteou o Stereobelt em 1977, um ano antes que a Sony patenteasse o Walkman, o que gerou uma briga na justiça só encerrada em 2003, quando as partes chegaram a um acordo.

(*) Vivaldo José Breternitz – Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.